Pais e educadores: vocês têm que voltar às raízes
Pelo menos é o que afirma, involuntariamente, David Brin, no seu excelente e influente artigo Why Johnny can’t code, um daqueles que mereciam uma tradução cuidada em português.
Mesmo sem saber inglês, o Google Translator, ou outro, podem dar uma mãozinha com o problema da língua, para que possamos ver o problema da linguagem: é simplesmente impossível ensinar a programar partindo de Java. Fui professor de Java — e de C, Pascal, Logo, Basic, … — e sei do que estou falando.
Voltei a dar aulas de programação, e voltei a refletir sobre as dificuldades dos professores de computação em fazer seus alunos raciocinarem algoritmicamente. E pior, em pensarem, de um modo geral, acerca de como um problema qualquer é resolvido. Pior ainda, como é resolvido quando deve ser expresso em uma linguagem de programação nos diversos e desconcertantes paradigmas que existem por aí.
O fato claro, evidente e consumado acerca da programação é que a maioria das pessoas que um dia escreverão qualquer linha de código vão acabar programando em uma linguagem parecida com C, ou mesmo baseada diretamente nela. Olhando rapidamente o índice Tiobe, vemos que quase 100% linguagens “TOP 20” (pelo menos “top” para o índice Tiobe…) são parecidas com C. A probabilidade de você um dia programar em uma delas é imensa.
David Brin argumenta que o crescimento de linguagens “complicadas” tem impedido o aprendizado das próprias linguagens. Isso é algo óbvio há, pelo menos, uns 40 anos, desde o surgimento do Pascal, que nasce para simplificar o desenvolvimento de programas e ensinar programação. Antes dele, porém já tínhamos o BASIC, fazendo a mesma coisa.
Deixado de lado pelos seus aparentes defeitos, e pela também aparente falta de capacidades para lidar com as modernas exigências de programação, o BASIC, que vinha por padrão em cada computador pessoal comprado na década de 1980, continua sendo a linguagem mais clara e simples para se programar qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, inclusive jogos em 3D e coisa e tal. Por isso a escolhi para dar um micro-curso para meus alunos, para que possam se introduzir no ramo da programação feliz. Ei-lo aqui, para sua alegria.
Há muito mais para se saber e se aprender sobre o BASIC-256. Os links nas lições podem levar a sites de interesse. Mas perca algum tempo tentando mexer diretamente nela, e explorando o que oferece o site principal.